A Estranheza da Vez.


Estranho seria se eu não me apaixonasse por você
O sal viria doce para os novos lábios
Colombo procurou as índias mas a terra avistou em você
O som que eu ouço são as gírias do seu vocabulário
Estranho é gostar tanto do seu all star azul
Estranho é pensar que o bairro das laranjeiras
Satisfeito sorri quando chego ali e entro no elevador
Aperto o 12 que é o seu andar
Não vejo a hora de te reencontrar
E continuar aquela conversa
Que não terminamos ontem
Ficou pra hoje
Estranho mas já me sinto como um velho amigo seu
Seu all star azul combina com o meu preto de cano alto
Se o homem já pisou na lua, como eu ainda não tenho seu endereço?
O tom que eu canto as minhas músicas para a tua voz parece exato

All Star – Nando Reis


Pessoas apaixonadas têm um “Q” de loucura e esperança que os torna maravilhados com pequenas coisas, que sobre outra ótica ou circunstância seriam tão idiotas. Sim, o estado do ser apaixonado é idiota por excelência! Afinal o Amor é tendencioso e vende. É fácil suspirar por uma trivialidade, uma música aparentemente banal, um sorriso tímido, um cheiro específico, aquela voz esperada, essa estraaaanha sinestesia tão indireta, que nos remete a lembrança sólida do ser amado e faz do coração o órgão mais galopante... E o tempo de loucura, um estado de vertigem e encantamento tão efêmero para muitos, dura uma vida para poucos privilegiados. Essa sensação única de que o buraco no peito não existe mais, funciona perfeitamente como um oásis que mata a sede dos viajantes perdidos no deserto, como numa condição alucinógena ou ainda, numa conveniente metáfora, como bêbados de pequenos momentos de felicidade, momentos que preenchem involuntariamente nossa condição humana. Como é estranho encontrar explicação pra essa necessidade do outro, essa necessidade espantosa de se sentir vulnerável e frágil a qualquer ação desastrosa da vida quando esta condiz ou não da mesma forma. Como é visível a falta de um simples abraço ou daquela correspondência de afagos e dos momentos de bobagens que fazem do Amor uma auto-afirmação: a sintonia de um beijo, um momento de surpresa, aquela ligação no meio dia pra saber de você, o compartilhar de planos, sonhos, os aspectos tão parecidos e tão diferentes ao mesmo tempo, que te envolvem o espírito e deixam a alma dependente, desconhecida, em crise: estraaaanha como diria Nando Reis nessa canção tão pequenina e tão significante. O Amor traduz o que há de mais belo na vida, é o seu elixir, apesar da dor, da perda, do ciúme, da escuridão, da tempestade, do medo, apesar de sempre estragarmos o Amor com nossa indiferença ou orgulho, o Amor ainda resume de forma genuína essa nossa sobrecarga emotiva impactante. Obra prima da natureza, sentimento que depois de um momento tórrido e inebriante te entorpece de ternura na calma de um sorriso ou de palavras que te abraçam com carinho, que resumem o seu dia do caos anterior pra uma chuva calma num mundo daquele beijo. Enfim, o momento grandioso: a satisfação de olhar pro lado e ver o mundo cor de rosa também nos olhos do outro...
Alguns dizem que o Amor é aquela confusão mental, na qual o outro configura uma perfeição temporária, definição um tanto quanto cruel. Sobre um prisma científica pode até ser, mas sempre fica algo no ar que não se pode explicar, acho que tão grandioso sentimento merece mais contemplação e filosofia, pois sempre há algo inexato que o torna um enigma sem fim e é assim que deve ser...
Seria o Amor a forma mais possível de tocar o cosmos? Seria o Amor a maior fraqueza que encontra na palavra Humanidade o repouso perfeito? Ou ainda seria o Amor um “estado interessante”, uma gravidez inesperada que te surpreende e te tira o chão e te torna mais próximo do que é divino? Dar a luz aqui seria viver o que resta depois da paixão: o Amor calmo, incondicional e já tatuado no peito, na história, no retrato, na memória...
Perdoem-me seres amargurados, mas o Amor existe sim e apesar do seu estado íntimo de não medida e indefinição, (além de situações ridículas em demasia), ele ainda continua sendo essa terra prometida que inunda a imaginação de tantos miseráveis.

By Lize

*cantando*
"laranjeeeeeeiras..."


rssssss

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